Criar desde cedo uma boa relação com o estudo ajuda no desenvolvimento.
Excesso de livros didáticos redundantes gera custos, mas não dá resultado.
Acompanhando uma garotinha de segundo ano em seu período de avaliações, ajudando-a a se preparar para elas, ao procurar a matéria a ser revisada, algumas coisas causaram estranhamento.
Por exemplo, em época de alfabetização, na disciplina de português, ela tinha três livros e um caderno para estudar. Não sei bem o porquê. Um livro repetia os itens do outro.
Outra questão foi como eram indicados para a criança os conteúdos a serem revisados: indicava-se o assunto, mas não era mencionado onde encontrá-los. O que significou uma perda significativa de tempo para achar o que realmente era necessário.
Ora, a escola é um lugar para se aprender conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, mas também um lugar onde se prevê o desenvolvimento intelectual do aluno e de seu pensamento. E isso envolve organização – ser capaz de organizar as ideias é um aspecto importante no desenvolvimento de uma pessoa.
Queixa comum dos professores em relação aos estudantes é a desorganização deles, inclusive de suas ideias, e de não saberem estudar.
Para que isso ocorra, um caminho interessante é trabalhar com a ação concreta, para que ela depois seja incorporada. Isso deve ser propiciado pela escola. Inclusive, esse deveria ser um aspecto contemplado em seus anos iniciais. Momento em que eles ainda estão aprendendo a se relacionar com o conhecimento. O início de tudo marca o tom de como as coisas serão pela vida.
Ao não dizer quais páginas estudar, a escola está pondo por terra a importância de se utilizar o número das páginas para se encontrar algo numa publicação.
Será o modernismo do processo educacional? Nem tudo que é moderno é bom. Até porque a escola cobra um conhecimento redondinho dos alunos. Deve propiciar isso a eles.
O que deixa claro é que a escola ainda se preocupa em passar os conteúdos. Hoje em dia, com tantas informações (a internet que o diga), não precisa tanto desespero para isso. O ideal seria trabalhar a relação dos alunos com o aprender, ajudando-o a se organizar e ensinando-o a estudar. Usando dos recursos velhos conhecidos, como encontrar o conteúdo através da utilização do número das páginas. Não é assim quando vamos ler um capítulo de um livro? Rapidamente o encontramos utilizando o número das páginas.
Quanto à quantia de material didático para uma mesma matéria, não tem muito sentido. Claro que a disciplina de língua portuguesa tem vários aspectos a serem trabalhados – gramática, leitura, interpretação de texto, escrita... Porém, isso gera um custo alto para as famílias, além de trazer confusão na hora de estudar. O ideal é escolher um livro que contemple os diferentes itens. E geralmente os bons livros didáticos o fazem.
Nem sempre um monte de livros quer dizer que o aluno aprendeu muito. O que nós precisamos hoje em dia é de qualidade. É obrigação da escola propiciar a qualidade de como o aluno pode organizar seu pensamento. Se não, ela não passará de mera transmissora de conteúdos. Se é que algum dia saiu desse lugar.
Fonte: G1