Crianças devem ser orientadas a doar brinquedos que não usam mais. Levá-las para fazer doação pode ser uma boa experiência.
O ano está chegando ao seu final. A época é de festa. Muita comida, bebida, presentes e confraternizações. A fartura é solta para alguns. Para outros nem tanto.
Festa não é sinônimo de alegria. Natal e Réveillon costumam trazer certa tristeza. Seja porque algum ente querido partiu, seja porque aquilo que parece sobrar para uns, não passa nem perto de outros. Como mesa repleta de coisas gostosas e presentes para dar e receber.
Algumas pessoas já tiveram família e não têm mais. Estão sozinhas. Muitos foram abandonados. São idosos que moram só ou vivem em asilos.
Outras nem tiveram o gostinho de terem uma. Ao nascerem, foram deixadas pelos pais em alguma lata de lixo (algo que tem acontecido com muita frequência) ou em algum orfanato. Crescem com a esperança de que voltem, que é acompanhada da dor de não terem sido desejadas pelos seus progenitores, que nunca retornam.
Nessa época em que as famílias se unem, essa dor fica mais evidente. Naquela noite não haverá peru, brinquedos, doces, irmãos, tios, avós... nem papai e mamãe. Ou filhos e netos.
A dor de idosos e crianças abandonadas não tem cura, está fora do alcance das pessoas. O que não quer dizer ficar de braços cruzados e deixar as coisas como estão. Pelo contrário, é tempo de compartilhar esse momento especial levando solidariedade e esperança para eles.
A dor de idosos e crianças abandonadas não tem cura, está fora do alcance das pessoas. O que não quer dizer ficar de braços cruzados e deixar as coisas como estão. Pelo contrário, é tempo de compartilhar esse momento especial levando solidariedade e esperança para eles.
Não à toa existem vários projetos envolvendo a comunidade para fazer do Natal dos mais necessitados um momento melhor. Igrejas, escolas, orfanatos, asilos, ONGs e muitas outras entidades chamam as pessoas para isso.
E todo mundo tem como ajudar doando algo – seja seu tempo para propiciar um momento alegre com as pessoas que vivem situações de vida mais críticas; seja doando algo material, como objetos e roupas que não são mais usadas, e até comida para que tenham um momento de fartura.
Criança é criança e todas esperam um brinquedo. Aí entra a solidariedade infantil. A hora é boa para estimulá-la. Muitas não conseguem doar suas coisas. Isso é um pouco natural nessa fase, é difícil para elas saírem de seus mundos e perceber os dos outros. Os pais reclamam disso, acham que são egoístas, pois dizem para os pequenos fazerem e eles não aceitam.
Dizer é pouco. É preciso realizar. Muitos adultos têm consciência da necessidade de doar algo e fazer a vida do outro um pouquinho melhor. Porém, alguns têm dificuldade de se desfazerem de suas coisas. Elas acabam tendo um significado emocional importante, como se os ajudassem a se estruturar. Sem elas, sentem que sua estrutura irá ruir. E quando os filhos resolvem se desfazer de algo, eles têm pena de se livrar daquilo.
Um bom começo para que as coisas mudem nesse sentido, é aproveitar as várias campanhas de Natal doando e incentivando os filhos a fazerem o mesmo. Alguns só abrem mão de brinquedos de pouco valor – tipo brinde – ou que estão estragados. Os pais devem orientá-los a darem brinquedos bons, mas que não usam mais. Um bom argumento é levá-los a refletir de como se sentiriam caso ganhassem um quebrado.
É preciso cuidar para não obrigá-los a isso, o que seria um péssimo começo para ajudá-los a desenvolver a solidariedade. As pessoas têm que ter consciência do outro para que se solidarize com ele. Uma experiência que pode ser interessante é levar a criança a fazer pessoalmente sua doação, como num orfanato. Momento que verá com seus próprios olhos a condição do outro. Ninguém contou, ela viu por si própria.
Uma sementinha já pode ser plantada. Não é necessário esperar o Natal para que isso aconteça, é algo que pode ser feito o ano todo. Muitos precisam de ajuda em outros momentos. Até porque, alguns têm tantas coisas de que não precisam.
Há também aqueles que estão perto e se beneficiariam com um auxílio, alguém próximo da realidade da criança, que ela conheça. Mais que falar, precisamos praticar a solidariedade. O que deve partir primeiro do adulto. Para os filhos, suas ações têm valor maior que suas palavras. Sem que eles possam se desfazer de suas coisas, incentivar a solidariedade nas crianças ficará mais difícil.
Fonte: G1