Em comemoração a um ano do lançamento do livro
de memórias “Me Ikwý Tekjê Ri” que significa “Isto pertence ao meu povo” do
Cacique Topramre Kohokrenhum a aldeia Gavião Parkatêjê esteve em festa nos dias
8 e 9 de dezembro e recebeu povos de diversas etnias do norte e nordeste do
país. Foram mais de 200 indígenas que visitaram Bom Jesus do Tocantins a cerca
de 40 km de Marabá/PA para a comemoração. Na ocasião além do evento principal, a
1ª Meia Maratona Indígena aconteceram corridas de toras, disputa de arco e flecha,
cantos, danças, entre outras manifestações culturais.
Os Kraho, Canela do Tocantins representados pelas aldeias Rio Vermelho, Pé de Coco, Cachoeira e Pedra Branca, os Sororó Aikewara de São Domingos do Araguaia/PA e os Gavião Kyikatêjê e Akratikatêjê foram algumas das etnias que estiveram presente na festividade esportiva e cultural.
Os
vencedores da maratona nas categorias masculino e feminino foram Felipe
Canela/MA e Rayane Karajá/TO, ganhando cada um uma moto zero km pela vitória. O evento movimentou o km 30 da BR222 onde
desde cedo todos aguardavam a competição e torciam pelos atletas. A premiação
contemplou os quatro mais ágeis indígenas das categorias feminino e masculino
com motos, televisões e lapatops. Os outros vencedores foram: Na categoria
femina Potoginha Akratikateje do Maranhão (2º lugar); Tutu Parkatejê (3º
lugar); e Aite Parkateje (4º lugar) ambas do Pará. Na categoria masculina
Nonato Nhorih Kraho de Tocantins (2º lugar); Fernado Pujehut Krikati do
Maranhão (3º lugar); e Edson Konryr Kraho de Tocantins (4º lugar).Além das motos os outros prêmios foram uma TV LED
42’ para os segundos colocados, um notebook para os terceiros e 700 reais em dinheiro
para os quartos colocados.
TCC na Aldeia
Após
visitas as aldeias Negão, Ladeira Vermelha, Rohokatêjê e Kyikatêjê situadas nas margens da BR222 os formandos em
publicidade André Dias e Lamartine Garcia realizaram a videoapresentação de seu
TCC denominado “Arte, Mídia e Sentidos,
Projeção Mapeada dentro da Publicidade e Propaganda” que tratava sobre novas
tecnologias na comunicação. O vídeo abordava a relação entre a construção da
Usina de Belo Monte e a luta dos indígenas afetados pela obra. Buscando
elementos da cultura local, os alunos projetaram as imagens sobre esteiras e
toras utilizadas no evento e promoveram um debate sobre as novas ferramentas da
comunicação e o papel do indígena na contemporaneidade.
A
iniciativa do projeto de apresentação de TCCs na aldeia partiu da Professora da
Estácio FAP Viviane Menna que foi convidada a participar da festa pelas
lideranças locais. “O projeto aproxima os estudantes dos povos tradicionais da
Amazônia e soma projetos de comunicação com ações de responsabilidade social. A
ideia é estimular os alunos a pensarem sobre a Amazônia e produzirem audiovisuais, fotos, HQs sobre as festas e ações comunitárias, pois
quero que entendam que a comunicação pode transformar as relações humanas.” Afirmou
Viviane Menna.
Além
dos formandos viajaram para festividade outros 2 estudantes da Juventude
Universitária pelas Causas Indígenas(JUCI), movimento fundado na faculdade que
vem acompanhando as lutas dos povos indígenas em eventos como o Rio+20 e Xingu
+23. Os estudantes Mateus Breyer e Arlem Corumbá além de documentarem o evento
distribuíram o gibi “REDD em terras”.
Jornada dos Povos Indígenas
A
aproximação dos universitários indígenas e não indígenas de Belém surgiu após a
I Jornada dos Povos Indígenas realizada em abril deste ano. A Jornada consistia
na cartografia cultural dos povos indígenas pressupondo a vivência e trocas num
mergulho na realidade dos povos tradicionais. Além de mesas e palestras a
Jornada ofereceu oficinas de audiovisual e fotografia para que os indígenas
pudessem levar para as aldeias esses conhecimentos transformando em beneficio
para suas comunidades.
Com
temas como os REDDs e Créditos de Carbono os estudantes perceberam afinidades
ideológicas se uniram para criar o movimento JUCI - Juventude Universitária
pelas Causas.
A
II Jornada dos Povos Indígenas que está prevista para abril de 2013 contará com
a participação da Doutora em Linguística pela UFRJ, Leopoldina Araújo que
estuda a língua dos parkatêjê desde 1974. Ela conta que em conjunto com sete
alunos indígenas de 2º grau e de faculdade ajudou a escrever o livro de
memórias do Cacique Parkatêjê. Leopoldina coordenou de 1990 à 94 a primeira
experiência de escola de 1ª a 8ª série na sede da aldeia parkatêjê.