Um pai diante da gravidez inesperada da mulher, isso por terem um filho de um ano e dois meses, questionou, entre assustado e brincalhão, como andava a qualidade da escola pública. Acabara de matricular o primogênito numa pré-escola e o preço deve tê-lo impressionado.
Quando se decide por ter um bebê, vislumbra-se que haverá gastos, e muitos. Mas a magia de sua chegada suplanta qualquer preocupação, principalmente com a mulher – parece que ela pode enfrentar qualquer adversidade.
À medida que nascem, gastos nascem juntos. E crescem na proporção do crescimento dos pequenos. Se o preço de uma ou outra vacina assusta, nada se compara à entrada da criança na escola: o custo é alto e mensal. Sem contar os inúmeros extras que vão ocorrendo durante o ano: materiais, passeios, festinha disso e daquilo. O que era caro ficou mais caro ainda.
É interessante notar que algo aparentemente impossível acaba se realizando: à medida que a família e os gastos aumentam, os pais amadurecem e conseguem sustentar seus filhos. O que dependerá, é claro, do esforço pessoal deles, juntamente com a sabedoria em administrar seus gastos, entre eles escolher uma escola boa e que caiba em seu bolso.
Nem sempre é assim. Em algumas famílias, a escolha da instituição educacional vai além de suas possibilidades. Ela acaba sendo baseada em alguns critérios publicitários e na expectativa de que é lá que o filho conseguirá algo na vida. Como, por exemplo, um meio social mais privilegiado.
Muitas vezes, o que ele consegue é se sentir isolado e inferior aos outros, que possuem uma condição financeira diferente. Isso não trará problemas se os pais conseguirem junto com os filhos trabalharem as diferenças. Ficando claro para todos que o interesse de estudar lá é proporcionar uma boa formação (desde que ela realmente tenha qualidade e não seja simplesmente cara). Esse é o objetivo do alto investimento.
Nesse caso, o esforço de todos terá uma recompensa valiosa, principalmente a lição de vida de que o empenho, a coragem e a determinação valem a pena. Fatores importantes para o sucesso, em qualquer lugar.
Porém, em outros lares não é assim. Estar em determinada escola significa adquirir um status social e estar em “boa companhia”, não havendo muita importância o estudo em si. O esforço de todos acaba sendo apenas no âmbito financeiro – além de a mensalidade ultrapassar as possibilidades da família, exitem outros gastos: usar roupa de grife, ter um carro melhor, proporcionar determinada viagem, frequentar lugares caros… Isso tudo para entrar em determinado grupo social e ser igual. Fazer dívidas não tem tanta importância. Provavelmente, a lição que vão aprender é que as pessoas valem pelo que têm e não pelo que são. Muito empenho para nada.
E não é que algumas escolas passaram a ser de grife? Nelas, muitas vezes, o ensino deixa a desejar. Mesmo assim, todos querem estudar lá, caso contrário ficarão do lado de fora.
Ninguém precisa se afligir com o preço das escolas. Há muitas que têm qualidade sem serem caras, inclusive uma ou outra pública. Desde que, é claro, o interesse não seja o status social.
O principal a ser buscado em uma escola é um bom projeto pedagógico, que realmente ensine nossas crianças coisas importantes e que vão além da leitura, escrita e matemática. Que permita que eles possam aprender a pensar por si próprias e que aprendam a aprender.
Num ambiente digno, em que as diferenças sejam bem-vindas. Onde o ser humano vale pelo que é e não pelo que possui.
Localizada próxima à sua casa, onde ir e vir não seja mais um problema. Permitindo a constituição de grupos sociais em sua própria comunidade.
E que os valores morais estejam de acordo com os de sua família, pois é lá que a criança passará boa parte de seu tempo.
Sendo bem pensada, uma escola pode caber no orçamento familiar e ser de qualidade.
Fonte: G1