76% deles compraram o computador com recursos próprios em 2011.
Os professores da rede pública estão investindo cada vez mais tempo e dinheiro na própria formação em tecnologia para incorporar o uso de computadores e internet na sala de aula, segundo a edição de 2011 da pesquisa TIC Educação, divulgada na manhã desta terça-feira (19) pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br) em São Paulo. Os dados mostram que o número de professores que comparam um notebook (computador portátil) com recursos pessoais próprios aumentou de 65% para 76% entre 2010 e 2011.
Também cresceu de 41% para 50% a quantidade de docentes que levam seu próprio notebook para a escola. A pesquisa foi feita com 1.821 professores de língua portuguesa e matemática de escolas públicas e particulares, e ouviu ainda 6.385 alunos do 5º e 9º ano do fundamental e 2º ano do ensino médio, 605 coordenadores pedagógicos e 641 diretores.
No grupo de professores, 94% dos entrevistados afirmaram ter computador em casa, e 88% disseram que ele tem acesso à internet. De acordo com o CGI.br, esse número é mais expressivo que os dados sobre a população: a média de acesso à internet em domicílios brasileiros é de 38%.
Segundo a pesquisa, ainda falta às redes públicas estadual e municipal -- colégios federais e escolas rurais foram excluídos da amostra -- investir na introdução de computadores na sala de aula. Apesar de o número de escolas com computador conectado à internet ter crescido de 92% para 100% entre 2010 e 2011, o número de salas de aula com o equipamento continuou em apenas 4%. Porém, a quantidade de professores que afirma ter a sala de aula como local de uso mais frequente de computador nas atividades escolares quase dobrou: foram 13%, em comparação a 7% no ano anterior. O laboratório de informática ainda é o local de uso mais frequente apontado pela maioria: 76%, de acordo com os dados.
Escolas particulares
Neste ano, a pesquisa TIC na Educação incorporou ao estudo as escolas particulares. Segundo os dados, 32% dos professores entrevistados trabalham na rede particular de ensino. Ambas as redes, porém, usam pouco o computador e a internet durante as atividades mais tradicionais da educação, como aulas expositivas, interpretação de textos e exercícios para praticar o conteúdo ensinado.
"O padrão é o mesmo, mas nas particulares o uso das TICs avançou mais", avaliou o coordenador geral de pesquisas do Centro de Pesquisas em Tecnologias da Informação e da Comunicação do CGI.br, Juliano Cappi. O avanço principal apontado pelos dados é no investimento de computadores dentro da sala de aula. Enquanto na rede pública o número permaneceu estável em 4%, em 2011, 21% das escolas particulares entrevistas na amostra da pesquisa mostraram a tendência de levar a tecnologia para perto dos alunos.
USO DE COMPUTADOR E INTERNET NAS ESCOLAS* | ||
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Presença de computador nas escolas | Pública | Particular |
Na sala de aula | 4% | 21% |
No laboratório de informática | 86% | 78% |
Na biblioteca / sala de estudos | 43% | 62% |
Fonte: Pesquisa TIC na Educação 2011 - Cetic.br/CGI.br |
A sala de aula do colégio particular é o segundo local mais frequente de uso do computador: ela foi a resposta de 34% dos professores e perdeu apenas para o laboratório de informática, usado por 48% deles. "As escolas particulares parecem ter tomado consciência disso. O uso das TICs deve acontecer na sala de aula, justamente onde ocorre o contato com os alunos."
Cappi destacou que, embora sejam minoria, os professores que afirmaram usar tecnologia com frequência durante as atividades em sala de aula são até mais assíduos que os professores que usam o laboratório de informática em praticamente todas as atividades. "O professor que sa computador e internet na sala de aula usa mais as tecnologias nas atividades", afirmou Cappi.
Elas incluem desde as tarefas mais comuns da escola, até as realizadas aproximadamente uma vez por mês, como projetos temáticos e que contribuam com a comunidade.
Juliano Cappi (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Cappi explicou que é difícil mudar a cultura do professor para que ele passe a incorporar as novas tecnologias no dia a dia escolar. "Os professores [ouvidos pela pesquisa] têm em média 15 anos de experiência, eles construíram um conhecimento na carreria, um estilo do que é dar aula. Precisamos quebrar essa barreira", disse o coordenador.
A pesquisa dividiu o universo de professores entrevistados em três faixas etárias: até 30 anos, de 31 a 45 anos e 46 anos ou mais. É na última faixa que se encontram os docentes com mais dificuldades em lidar com computadores e internet: 31% deles, por exemplo, afirmaram nunca ter baixado ou instalado um programa da internet, metade nunca usou o computador para fazer uma ligação telefônica e 4% dos professores mais velhos revelaram que não aprenderam a usar o computador e a internet, sendo que 38% deles disseram ter aprendido sozinhos. Um quarto desse grupo disse ter muita dificuldade em lidar com conteúdos multimídia.
Já entre os professores mais jovens, metade aprendeu os conceitos de informática sozinho, 55% usam programas multimídia sem nenhuma dificuldade e 81% deles já criaram ou atualizaram sozinhos blogs ou páginas de internet e 27% já acessam a internet pelo celular.
Na sala de aula, os professores com mais idade dedicam mais tempo que as demais faixas etárias oferecendo jogos educativos para os alunos do que produzindo conteúdos e projetos com eles. Fora dela, eles também são menos assíduos que os docentes mais jovens na interação virtual com outros professores e na busca online de materiais de apoio. As três faixas etárias, porém, foram quase unânimes (98%, 94% e 91%, respectivamente) em afirmar que o computador e a internet lhes derão acesso a materiais mais diversificados e de maior qualidade.
De acordo com o comitê, são vários os possíveis motivos para a mudança de abordagem entre professores de idades diferentes.
Além do aspecto geracional e de os professores mais jovens serem usuários de tecnologias desde que eram mais novos, o fato de que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) foram acrescentadas pelo Ministério da Educação ao currículo básico dos cursos superiores de pedagogia no Brasil, o que tende a aumentar, progressivamente, o número de professores que dominam técnicas de aplicação das TICs na sala de aula.
Fonte: G1
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